Depois da passagem de ano (há uns longínquos 2 meses e meio) a Matilde começou a sonhar com o dia de anos de hoje… Perguntava à irmã quantos dias faltavam e fazíamos viagens, com elas a fazerem contas, para saberem os dias que faltavam para... hoje.
O que nós nos esquecemos - e que eles não sabem - é que nós temos planos, mas a vida muda-nos os planos… E o dia de hoje, não pôde ser como a Matilde sonhou.
Quisemos fazer um dia diferente. Hoje ninguém fez trabalhos da escola. Fizemos o prato preferido dela para o almoço. A mãe esteve mais tempo em casa. Montámos uma tenda no meio da sala. Lanchámos todos dentro da tenda.Encomendámos o jantar.
Foi o dia mais difícil desta semana. Não sei se pela quebra das recém rotinas ou pela ansiedade de um dia que não era suposto ser assim.
Juntámos a família mais direta, com as alternativas virtuais de hoje e cantámos todos juntos... fazendo quase tanto barulho, como quando a casa está cheia (que saudades de uma casa cheia!)
Não sabemos se foi suficiente para tranquilizar um coração pequenino que não está preparado para este tsunami que nem os corações grandes aguentam.
Mas sei - tenho a certeza - que vai ficar mais forte. Vai aprender, com alguma dor e sofrimento, que nem sempre podemos ter tudo e que temos que esperar. Ela, a Matilde, que dizia que não sabia esperar.
Hoje voltou a dizer, que quando for grande vai ser enfermeira. Coração, bondade, empatia e teimosia já tem.
Não sei se vai enfermeira, mas espero que seja uma guerreira!
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